Congresso Nacional da Abrajet em 2026 será no Distrito Federal. A ideia é mostrar que Brasília não é o paraíso da corrupção e da ladroagem

Por: Ray Cunha – Jornalista, escritor, articulista e vice-presidente da Abrajet-DF
“O presidente da Abrajet (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo), Luiz Pires, acaba de anunciar que o congresso anual da entidade, em 2026, será em Brasília, por 35 votos contra 17 para São Paulo, que também disputava a realização do evento. Neste momento, o trade turístico do Brasil está reunido em Maceió, a atlântica capital de Alagoas. Trata-se do quadragésimo Congresso Nacional da Abrajet, dos dias 25 a 28, no Ipioca Beach Resort, com o tema central “A nova era do jornalismo de turismo: inovação e compromisso com a verdade”.
O evento é realizado pela Abrajet/Alagoas, presidida pelo jornalista Igor Pereira, com apoio do Governo de Alagoas, Assembleia Legislativa e trade turístico, como a Abih-AL, Maceió Convention, Abrasel, Luck Receptivo Maceió, Sebrae-AL e Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), entre outros parceiros.

Em reunião, dia 12 passado, no Palácio do Buriti, com o secretário de Estado de Governo do Distrito Federal, José Humberto Pires de Araújo, o presidente da Abrajet/DF, Wílon Wander Lopes, propôs a realização do Congresso da Abrajet, em 2026, em Brasília, desde que conte com apoio do Governo do DF, no que José Humberto consultou imediatamente a governadora em exercício, Celina Leão, que respondeu estar de acordo com a realização do evento em Brasília, reunindo, assim, na capital, centenas de jornalistas de todo o país e do exterior que atuam no setor turístico.
Em Maceió, uma intensa programação foi elaborada para os jornalistas, cerca de 80 profissionais e seus acompanhantes, que terão a oportunidade de conhecer o litoral de Alagoas, o Agreste e o estuário do Rio São Francisco, além do folclore local.
No Congresso da Abrajet, em Brasília, jornalistas brasileiros e estrangeiros conhecerão a história da capital, a arquitetura de Oscar Niemeyer e pontos turísticos do Cerrado e do Planalto Central.
A Abrajet/DF tem a missão de estreitar relações com as comissões de Turismo do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e da Câmara Legislativa (distrital), bem como com o Ministério do Turismo, a Secretaria de Turismo do DF, a Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF), órgãos e empresas do trade turístico, e Embaixadas.
Uma das pautas de trabalho da entidade é mostrar que Brasília não é a capital da corrupção nem de ladrões, como se acredita em outras cidades, mas fruto de uma empreitada hercúlea, liderada pelo presidente Juscelino Kubitschek, que promoveu, com a construção de Brasília, a redenção do Brasil, um país continental composto, então, por regiões estanques. Brasília ligou o litoral ao sertão e Oiapoque a Chuí.
O turismo responde por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e recebe cerca de 7 milhões de turistas estrangeiros por ano, movimentando em torno de 13 bilhões de reais. Uma miséria, considerando-se que o Brasil é um paraíso tropical. Em 2021, o México recebeu mais de 30 milhões de turistas estrangeiros, só para comparar.
O Brasil ocupa escandaloso 1% do fluxo mundial de turismo. Estudo publicado pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo identificou, em 2022, três barreiras principais que impedem o crescimento do turismo no Brasil: imagem péssima no exterior, no que diz respeito à segurança pública; falta de continuidade em políticas para o setor turístico; e serviço de transporte e mobilidade ruim.
É aí que entra a Abrajet, com a publicação de matérias que ajudem a iluminar o setor e a pressionar os políticos a criarem legislação voltada para o desenvolvimento do trade turístico, segurança pública, saneamento básico, transportes e cultura.
A Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo foi fundada em 26 de janeiro de 1957, na cidade do Rio de Janeiro, por um grupo de jornalistas e escritores desejosos de ver a indústria turística se desenvolvendo no Brasil. Os pioneiros foram: Domingos C. Brandão, Belfort de Oliveira, Fernando Hupsel de Oliveira, Luiz D. P. Bravo, Aulete de Almeida, Hilda Peres de Medeiros, José Mário Alves da Silva e Oberon Bastos de Oliveira.
Após alguns anos, foram criadas representações da Abrajet Nacional em outras unidades da Federação, hoje, presente em 20 Estados, sendo 13 seccionais e 7 comitês, reunindo aproximadamente 200 jornalistas, que atuam em mais de 140 mídias, como jornais, revistas, TVs, rádios, assessorias de imprensa de órgãos públicos ou empresas do setor de turismo, portais, sites, blogs e redes sociais.
A Abrajet conta com representações nos Estados do Acre, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Mesmo antes de eu assumir a vice-presidência da Abrajet/DF, vinha escrevendo sobre a legalização do jogo de azar, a volta dos cassinos, mas dei uma pausa. Aguardo as eleições de 2026, que deverá pôr um fim na atual ditadura da toga e voltar a democracia plena no país, sem presos políticos e censura a jornalistas, pois não pode haver turismo em ditaduras.
Enquanto o Brasil é palco de uma luta cada vez mais ruidosa entre comunismo e capitalismo, dorme, no Congresso Nacional, projeto de lei que pode tirar o país da sangria que vem sofrendo, desde que, em 1946, Dona Santinha, Carmela Leite Dutra, esposa do presidente Gaspar Dutra, beata que exercia forte influência sobre o marido – para ela, jogo era coisa do capeta –, pressionou-o para arrasar uma das indústrias que mais faziam o país prosperar, jogando no desemprego mais de 40 mil trabalhadores, incluindo artistas como Carmen Miranda e Orlando Silva, em 70 cassinos espalhados pelo país. As máfias, conhecidas como facções, mas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considera terroristas, adoraram.
O crime organizado vem pressionando para que tudo continue como está: a clandestinidade do jogo, uma das indústrias mais rentáveis em todos os países do Primeiro Mundo. Assim, o Brasil continuará se assemelhando a uma gigantesca lavanderia, pois é um dos países onde mais se joga no planeta, dia e noite, clandestinamente. Desde que o jogo foi criminalizado, as máfias riem para as paredes, há 79 anos. Calcula-se que o jogo clandestino no Brasil movimente atualmente cerca de 5 bilhões de dólares por ano. Só o jogo do bicho movimenta 10 bilhões de reais por ano, sem pagar nenhum centavo de imposto e sem gerar empregos formais.
Aos que defendem que o jogo é coisa do capeta, informa que joga-se no planeta desde o início da História, há cerca de cinco mil anos. No Brasil, os cassinos surgiram após a independência, em 1822, até 1917, no governo Venceslau Brás. Getúlio Vargas voltou a legalizá-los em 1934, até 1946. Atualmente, o jogo de azar é praticado em todos os países civilizados do mundo, como, por exemplo: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Itália, Suíça, Grécia, Portugal, Áustria, Holanda, Mônaco, Uruguai etc. Até na China, uma ditadura comunista, totalitária, há jogo de azar.
A Região Administrativa Especial de Macau, na China, é, hoje, o principal centro de jogos do mundo, desbancando Las Vegas, nos Estados Unidos, como capital mundial dos cassinos, e faturando, com apenas 35 cassinos, 38 bilhões de dólares por ano. Vegas, com seus mais de 100 cassinos, faturam 8 bilhões de dólares por ano e só uma de suas maiores redes conta com 50 mil empregados.
O relator do Projeto de Lei 442/91 – que legaliza o jogo –, Felipe Carreras (PSB/PE), disse à Agência Câmara de Notícias que “Macau recebia 10 milhões de turistas antes dos investimentos em cassinos e passou a receber 31 milhões. Singapura foi de 9 milhões a 21 milhões de turistas. São êxitos que mudaram a matriz do fluxo turístico internacional; o Brasil é carente em novos produtos turísticos e nosso contingente de visitantes estrangeiros segue estagnado abaixo de 7 milhões”.
Segundo a Frente Parlamentar Mista do Congresso Nacional Pró-Legalização dos Jogos de Azar, a legalização dos jogos no país geraria 658 mil empregos e 619 mil indiretos. De acordo com o IJL, só no jogo do bicho serão formalizados cerca de 450 mil empregos.
Estudo do Instituto Jogo Legal (IJL) e BNLData indica que o mercado de jogos no Brasil tem potencial de arrecadar 15 bilhões de dólares por ano, deixando para o erário 4,2 bilhões de dólares, além de 1,7 bilhão de dólares em outorgas, licenças e autorizações, investimentos e geração de empregos nas casas de apostas. A legalização de cassinos, jogo do bicho, bingo e caça-níqueis gerará uma arrecadação em torno de 50 bilhões de reais por ano para os cofres públicos.
Felipe Carreras disse ao Diário de Pernambuco que a legalização de todas as modalidades de jogos em questão gerará uma receita bruta anual de 74 bilhões de reais e 22 bilhões de reais em receitas tributárias, fora o impacto econômico da cadeia produtiva, que fará grandes investimentos nos setores turístico, de lazer e cultural.
Sobre proibição, Felipe Carreras observou: “Toda proibição é discutível e quase sempre inútil, pois nada resolve, como não resolveu nos Estados Unidos com a proibição de fabricação e comércio de bebidas alcoólicas com a edição da Lei Seca”. E dispara: “Não é o jogo que desagrega as famílias e sim a fome e o desemprego. O funcionamento dessas atividades de forma clandestina não traz, realmente, nenhum ganho ao nosso país. Pelo contrário, reforça a imagem, junto à nossa população e à comunidade estrangeira, de que somos uma nação complacente com atividades ilegais”. Atenção, Trump.
Entre os países que fazem parte do G20, organização que reúne 80% da economia do planeta, só três países proíbem jogos de azar: Arábia Saudita e Indonésia, que são muçulmanos, e o Brasil. “Com exceção dos países muçulmanos, praticamente todos os países do mundo possuem os jogos de sorte e azar presenciais legalizados” – disse à Tribuna da Imprensa Livre a executiva da Clarion Events, Liliana Costa. “Ninguém acredita em mim quando eu digo que cassinos são proibidos no Brasil; ou pensam que estou brincando! Investidores em todo o mundo acompanham ansiosamente a legalização e regulamentação dos jogos no Brasil.”
A legalização do jogo seria uma porta de entrada para o aumento do turismo e permitiria a regulação de um mercado que movimenta pelo menos 27 bilhões de reais (os dados são do relator do projeto no Congresso Nacional, Felipe Carreras). E o potencial é de crescimento ainda maior, motivado principalmente pelas apostas esportivas ou apostas de quota fixa, feitas por empresas que chegam a patrocinar clubes de futebol que disputam a série A do campeonato brasileiro. “Não há como negar que é um fator que incentiva sim a regulação, já que atrai a atenção de diversos setores da sociedade que acompanham o futebol” – afirma Bernardo Freire, sócio do Wald Advogados e consultor jurídico da Betnacional.
“A prática dos jogos de azar é socialmente aceita e está arraigada nos costumes da sociedade. O Jogo do Bicho existe há mais de um século (desde 1892), tendo se tornado contravenção em 1941. Ele faz parte da cultura, já se tornou um folclore na nossa sociedade. A lei penal não tem o poder de revogar a lei econômica da oferta e da procura. Se a demanda não for suprida pelo mercado lícito, será suprida pelo mercado ilícito” – disse o sociólogo francês Loïc Wacquant.
O argumento dos moralistas contra o jogo de azar é inacreditável. Os donos da moralidade pregam que a liberação dos jogos de azar pode agravar problemas na saúde, com alto custo de tratamento dos apostadores contumazes, além de aumentar a exploração sexual e a prostituição, piorar a segurança pública, prejudicar ações de combate à corrupção e ampliar a lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de receitas.
Tudo isso está acontecendo com o jogo na clandestinidade! É a clandestinidade do jogo que alimenta a corrupção, propina e chantagem política. “Onde não há Estado, há crime organizado” – disse o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A proposta, que já passou pela Câmara dos Deputados e aguarda votação pelos senadores, prevê a legalização das apostas no país, de modalidades que já existem na prática, como jogo do bicho, bingos e sites de apostas esportivas, que atualmente estão em plena operação no país, mas são sediados fora do Brasil. A norma, se aprovada, também permite a instalação de cassinos: um por Estado, com exceção dos que têm mais de 15 milhões de habitantes, que poderiam ter uma segunda unidade, e três nos Estados com mais de 25 milhões de habitantes (neste caso, somente São Paulo).
O romance ensaístico O CLUBE DOS ONIPOTENTES, deste repórter, é um thriller que, além de se debruçar sobre o momento político do Brasil, aborda também o atraso tecnológico do país e a estupidez da clandestinidade dos jogos – um presente para as facções, ou máfias, ou terroristas, como os define Donald Trump.”
José Aparecido Ribeiro é jornalista e editor
www.minasconexao.com.br – jaribeirobh@gmail.com – Wpp/Pix: 31-99953-7945
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