O Brasil precisa acabar com as favelas dando dignidade para a parcela pobre da população. Do contrário, o crime organizado seguirá forte ocupando o território

Passados 4 dias da maior operação contra a organização terrorista Comando Vermelho no Rio de Janeiro, que eliminou provavelmente, menos de 1% do seu contingente de terroristas recrutados, ouvi de tudo, menos o que poderia, se atacado, resolver o problema: a eliminação das favelas, pois é nelas que o crime prospera.
O que faz o sucesso do crime organizado não é apenas a ousadias dos criminosos, a ausência do estado, a corrupção que impera na política, no sub mundo do crime, e outras mazelas pouco debatidas, mas o que elas tem em comum, a causa primária, que se eliminada, permitiria segurança pública e o controle do estado sob o território: AS FAVELAS.
Naquele cenário, cujo terreno abriga mais de 2 milhões de “cidadãos”, (refiro-me às mais de 1.300 favelas existentes no Rio de Janeiro) e não apenas o território ocupado ilegalmente pelas 200 mil almas que vivem precariamente nos complexos da Penha e Alemão. A possibilidade de qualquer ação eficaz de segurança pública naquele cenário, é ZERO.
Enquanto houver favelas o crime organizado vai escapar das garras da lei. Ele conhece o território e as necessidades de quem mora nele. O Estado não. Portanto, o problema não é de polícia, mas de política, a falta da política habitacional, que justificaria inclusive o uso das reservas do país para uma GUERRA contra as favelas.

A construção de conjuntos habitacionais no lugar das favelas é a única alternativa que o Brasil tem no momento para atacar o crime organizado em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belém, Belo Horizonte, Fortaleza e outras. Exemplos de sucesso aconteceram na década de 20 do século passado em Nova York e servem para qualquer cidade onde o crime aproveita do território para fincar raízes e de lá, controlar suas ações.
Outros exemplos além de Nova York ocorreram em Singapura, Taiwan e várias cidades de países asiáticos. O plano deve ser copiado, envolver todos os agentes públicos e privados ligados à cadeia da construção civil, não para enriquecer empresários ou eleger políticos oportunistas, mas para salvar as cidades e o país de vexames internacionais como os que assistimos com várias versões e análises estapafúrdias na última semana.
Governos, forças de segurança, a cadeia produtiva da construção civil e as comunidades, através de seus representantes eleitos, foram chamados e fizeram, no caso de Nova York, um pacto pela habitação digna. Na ocasião o arquiteto, engenheiro, político, urbanistas e por incrível que pareça, (mafioso) de Nova York – Robert Moses – foi o articulador e conseguiu acabar com as favelas, permitindo mais tarde que o prefeito Rudolph Giuliani, aplicasse o plano de “Tolerância Zero” contra o crime.

O Plano existe e está disponível para qualquer um que queira de fato resolver o problema no Rio e em qualquer cidade do Brasil: consiste na remoção temporária e assistida de 370 famílias de cada vez, feita, no caso de Nova York, pelas Forças Armadas. Em seguida o território onde essas famílias moravam, é substituído por prédios com moradias decentes, e não os cubículos apertados conhecidos no Brasil como “Minha Casa, Minha Vida”, que acabam virando novas favelas.
No caso de Nova York, Singapura, Taiwan e outros, as unidade habitacionais são construídas para dar dignidade, com no mínimo 75M2, e não para trocar por votos. Além dos prédios e conjuntos habitacionais construídos no mesmo local das favelas, no entorno são construídas infraestruturas de lazer, convivência, esportes, educação, comércio, saúde e segurança. O estado comparece no lugar do crime organizado e nunca mais perde o controle do território.

Utilizando a matemática no papel de pão, o Rio de Janeiro precisaria de 5.500 prédios que abrigam 370 famílias, em conjuntos habitacionais edificados no lugar das favelas. O resultado é que em território organizados, onde cidadãos têm dignidade, onde serviços básicos são disponibilizados, onde o endereço é sinônimo de cidadania, o crime enfraquece e perece.
Com efeito, o crime só prospera onde não existe salubridade e organização estética. Repito, a chance de eficácia de qualquer projeto de segurança pública no Rio de Janeiro ou em qualquer cidade brasileira em que as favelas dominam o cenário urbano, é ZERO.
José Aparecido Ribeiro é jornalista e estudioso dos assuntos urbanos
www.minasconexao.com.br – jaribeirobh@gmail.com – Pix/Wpp: 31-99953-7945
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Raciocínio perfeito!
Seria a única forma para eliminar o domínio das facções criminosas.
Mas, na prática , qual governante teria a iniciativa de investir tanto capital, a longo prazo, para isto se tornar realidade? A compra de votos não se daria, certamente, no seu mandato, nem no próximo. Logo, ninguém toma a iniciativa.
Concordo plenamente com o jornalista. Tem de acabar com as favelas e construir moradia digna para os cidadãos de bem das cidades onde existem favelas no Brasil. O governo poderia trabalhar em parceria honesta com construtoras que aceitariam o desafio …..
Nunca havia pensado dessa forma. Faz todo sentido. Precisamos copiar de outros países soluções de sucesso!
Muito bom!!!!!!!